O artista vive a inquietude de profundos encontros consigo mesmo - nem sempre muito fáceis. Em algumas circunstâncias, um encontro perturbador entre o vazio e o ato de criar.
Ao enfrentar a matéria tátil, expressiva, promove um entrelaçamento com suas estranhezas, com seus encantamentos, com sua tempestuosa natureza. Confrontos que emergem das veredas desafiantes em seus percursos de vida: dolorosos às vezes.
Não é meramente uma escolha - ele simplesmente é - em sua essência e não há como escapar a esta força presente, até mesmo em um simples olhar cotidiano para o mundo, a força da arte se manifesta em seu íntimo e lhe chama. As idéias o arrebatam.
Segundo Simon Schama¹, "O poder da arte é o poder da surpresa perturbadora. Mesmo quando parece imitativa, a arte não reproduz o que há de conhecimento no mundo visível, mas o substitui por uma realidade que é toda dela". A criação transcende ao que é banal e comum e estabelece novas configurações.
"O homem é um ser futuro. Um dia seremos visíveis".
Murilo Mendes
¹ SCHAMA, Simon. O Poder da Arte. trad. Hildegard Feist. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.